Ufa! Finalmente saiu o tão esperado balanço da Petrobrás referente ao ano de 2014, incluindo os números do terceiro e do quarto trimestres, que até agora não tinham sido publicados com a aprovação da auditoria externa. Muito se especulou sobre as baixas que viriam nos resultados, mas o prejuízo veio longe dos R$ 88,6 bilhões que chegaram a ser aventados em janeiro, quando a ex-presidente da estatal Graça Foster deixou o cargo. Foram exatos R$ 21,587 bilhões de prejuízo no ano passado, impactados pela perda de R$ 44,636 bilhões com desvalorização de ativos (impairment), sendo que o valor indicado como perda com corrupção foi de R$ 6,194 bilhões. O prejuízo praticamente reverteu o resultado positivo de 2013, quando a estatal fechou o ano com lucro de R$ 23,4 bilhões. O resultado do terceiro trimestre de 2014 foi negativo em R$ 5,339 bilhões, enquanto o prejuízo do quarto trimestre ficou em R$ 26,6 bilhões. De acordo com o resultado da Petrobrás, os valores desviados por corrupção atingiram contratos que, no total, somaram R$ 199,6 bilhões.
Ao longo do dia, as expectativas de todo o mercado brasileiro estiveram voltadas para o balanço, que passou a gerar uma série de contratempos para a Petrobrás após o seu primeiro adiamento, em 14 de novembro de 2014. A bolsa de valores de São Paulo (Bovespa) passou por altos e baixos nesta quarta-feira (22), começando o dia com queda nas ações da Petrobrás, mas fechando em alta, com as preferenciais subindo 0,23%, cotadas a R$ 13,12, e as ordinárias valorizadas em 0,53%, a R$ 13,31, depois de ter caído mais de 3% no início do dia. A divulgação das demonstrações contábeis auditadas de 2014 em atraso, dos dois últimos trimestres e da anual, foi feita ao mercado às 19h23. As do terceiro trimestre estavam atrasadas havia 159 dias, e a anual, 22 dias.
Na entrevista coletiva, o presidente da Companhia, Aldemir Bendine, ladeado pelos novos diretores, disse que é preciso uma ‘recomposição do elo de confiança’:
“A partir daqui, vamos voltar a garantir a normalidade da relação com credores. Passando a limpo os erros para poder lidar com o mercado. A recomposição desse elo de confiança já tem dado resultados. A primeira tarefa foi atingida por meio de um teste de imparidade, que foi trazer a valores atuais e a projeção de receitas que o ativo vai gerar. A segunda foi com base nos achados das investigações e com isso calculamos as perdas. Com isso, conseguimos a chancela da auditoria”.
O lançamento das perdas de corrupção foi exigência da empresa PricewaterhouseCoopers (PwC), que audita as demonstrações financeiras da estatal. Foi decorrente da revelação, pela Operação Lava Jato, do funcionamento de um cartel de empresas que, com a participação de diretores da Petrobrás, combinava resultados de licitações da companhia, a partir de 2004, e cobrava percentuais entre 1% 3% para abastecer o esquema, segundo depoimentos.
O problema dos adiamentos surgiu inicialmente em função da citação do ex-presidente da Transpetro Sergio Machado dentre as acusações feitas por Paulo Roberto Costa, em depoimento à Justiça Federal no âmbito da Operação Lava Jato, acusando o executivo de ter recebido R$ 500 mil de propina em contratos de afretamento de embarcações. Machado sempre negou, mas isso não impediu a sua queda do comando da Transpetro, onde estava desde 2003, por conta da não aceitação de sua assinatura nas demonstrações financeiras. A auditoria externa contratada pela Petrobrás, PricewaterhouseCoopers (PWC), disse à época que não daria o aval ao balanço se constasse o nome de Machado no documento. A Petrobrás chegou a anunciar novos prazos para a divulgação dos números, inicialmente para dezembro, depois para janeiro, mas em nenhuma das datas conseguiu publicá-los com a aprovação da auditoria.
Para 2015, a empresa prevê investimentos de US$ 29 bilhões, 17% a menos que os US$ 35 bilhões do ano passado. Para 2016, o investimentos cairão 37% em relação ao inicialmente previsto, para US$ 25 bilhões. A empresa prevê ainda uma necessidade de captações de US$ 13 bilhões neste ano de 2015. Assim, a estatal prevê chegar ao fim do ano com caixa de US$ 20 bilhões. Para 2016, a empresa prevê desinvestimentos de US$ 10 bilhões e uma produção de total de 2,886 milhões de barris. Atualmente, a produção gira na casa dos 2,5 milhões. Para 2016, os investimentos serão de US$ 25 bilhões.
Com o aumento do dólar, o índice de alavancagem subiu de 39% para 48% entre 2015 e 2016. A alavancagem é a relação entre o endividamento líquido e a geração de caixa operacional. Assim, a companhia chegou ao fim de 2014 com uma dívida líquida de US$ 106,2 bilhões, maior que os US$ 94,6 bilhões ao fim de 2015.
Bendine disse que a empresa vai retomar sua capacidade de geração de valor e adiantou que a estatal divulgará mudanças em seu plano de negócios:
“Temos a convicção de que a companhia vai retomar sua capacidade de geração de valor. Nosso maior ativo é o quadro de pessoal. São pessoas engajadas. Estamos revendo ainda o nosso plano de negócios e, sendo aprovado, vamos voltar a público.”
Da desvalorização total de ativos estimada pelo balanço, a área de refino foi a mais representativa, com perdas avaliadas em R$ 30,976 bilhões. De acordo com a Petrobrás, a situação se deu principalmente em função da postergação “por extenso período” do segundo trem da Refinaria Abreu e Lima e do Comperj, motivada “por medidas de preservação do caixa e problemas na cadeia de fornecedores oriundos das investigações da Operação Lava Jato”.
“As perdas resultaram de problemas no planejamento dos projetos, utilização de taxa de desconto com maior prêmio de risco, postergação da expectativa de entrada de caixa e menor crescimento econômico”, explica o comunicado.
Além disso, outros R$ 12,98 bilhões foram avaliados como perda de valor dos ativos, sendo a maior parte restante referente à área de exploração e produção de petróleo e gás natural (R$ 10,002 bilhões), “reflexo do declínio nos preços do petróleo”, e uma pequena parcela do segmento petroquímico (R$ 2,978 bilhões), “em decorrência do cenário de redução na demanda e nas margens”.
Fonte: PETRONOTÍCIA
Afetado pela crise global da indústria de óleo e gás, o Canadá não vem sendo prejudicado apenas pela queda do
continue lendoO cenário não era fácil, mas acaba de piorar para a indústria siderúrgica nacional. Após concluir que empresas de vários
continue lendo