HOUSTON – O grupo francês Vinci Energies, que comprou a Orteng em março deste ano, está otimista com as perspectivas do mercado brasileiro, apesar do momento de crise da indústria nacional. O diretor-geral da companhia no Brasil, Dominique Ferreira, que assumiu também a presidência da Orteng, conta que não pretendem fazer mudanças na estrutura da empresa brasileira adquirida, mantendo a mesma equipe, mas ainda aguarda a divulgação do plano de investimentos da Petrobrás para detalhar a estratégia que pretendem traçar no País. Com a aquisição, a subsidiária brasileira do conglomerado francês passou a contar com uma receita de R$ 500 milhões, incluindo também os resultados de outra empresa nacional adquirida, a Cegelec, em 2010. Estes números fazem parte da receita total do grupo em 2014, que alcançou 9,3 bilhões de euros globalmente, a partir da atuação em dezenas de países em cinco continentes. Ferreira conta que estão aproveitando o período difícil para investir em treinamentos e na preparação da empresa para o momento da retomada. Neste sentido, a grande expectativa gira em torno do novo plano de negócios da Petrobrás e na forma como ele deve organizar as contratações. “É uma pergunta que todos em Houston têm feito. Acreditamos que pode ser uma oportunidade grande, mas ainda queremos ver como o mercado vai ser organizado pela Petrobrás. Porque grandes pacotes, por exemplo, não são do nosso interesse. Mas, se houver pacotes de energia, incluindo automação, será muito interessante para nós”, diz.
Como foi o processo de compra da Orteng pela Vinci no Brasil?
A compra da Orteng faz parte da estratégia da Vinci de se desenvolver mais no mercado brasileiro. Estávamos à procura de empresas que compartilhassem os mesmos valores que a nossa companhia, com a mesma visão, que tivessem sinergias, e que tivessem um bom tamanho, atuando há muito tempo no Brasil, além de serem conhecidas, com uma marca valorizada. Achamos que a Orteng atendia isso e tinha uma boa reputação no mercado brasileiro, o que nos pareceu uma boa oportunidade.
Como vê as oportunidades no mercado brasileiro neste momento de crise?
A situação econômica do País e do mercado de óleo e gás está difícil, todos sabemos, mas acho que para nós é mais uma oportunidade do que uma dificuldade. Porque essa dificuldade é passageira. Não sabemos quanto tempo vai durar, mas estamos aproveitando essa temporada difícil para trabalhar nossa organização, o treinamento do nosso time, fortalecer a empresa e para estarmos prontos para quando houver a retomada.
Vai haver muitas mudanças na Orteng?
Na verdade, compartilhamos com a Orteng muitas coisas na organização e na maneira de tratar os negócios, então o foco é mais em fortalecer a empresa do que mudá-la. O time todo ficou o mesmo. O CEO sou eu hoje, mas o time foi todo mantido.
Quais são as metas da Vinci no Brasil?
Não temos metas de volume de negócios ou de receita. Nossa maior preocupação é com duas coisas. Em primeiro lugar, a segurança dos nossos funcionários, para que vão trabalhar e voltem para casa com segurança. A outra meta é o lucro. Mais o lucro do que o volume de negócios. Então temos que fortalecer a Orteng e a Cegelec, que é outra empresa que temos no Brasil, buscando esse crescimento. Estamos atentos às evoluções do mercado de óleo e gás, mas continuamos atuando em outros mercados também.
A exigência do conteúdo local influenciou a compra da Orteng?
A nossa organização quer estar o mais próximo possível dos clientes. Vir de fora, fazer uma obra, um projeto, e voltar não é a nossa maneira de atuar. Queremos estar próximos dos clientes, dos parceiros e dos fornecedores. Nossos focos são mais em serviços de engenharia, de montagem, entrega de equipamentos e manutenção, e isso só pode ser feito com pessoas do próprio país onde estão os projetos. Então o conteúdo local não foi uma decisão para nós virmos ao mercado brasileiro.
O governo anunciou que fará mudanças no conteúdo local. Isso privilegia vocês de alguma maneira, já que estão no Brasil e têm experiência internacional?
Claro que vai ser uma maneira um pouco mais fácil de trazermos nosso know-how, que temos em outros países. A Vinci atua em mais de 100 países com um know-how em óleo e gás, com muitas empresas do segmento. Então é uma maneira de compartilhar nossa experiência com outros atores desse mercado, trazendo para cá nichos de mercados bem específicos, para fortalecer nossa oferta aqui, que já é grande, e integrá-la com os times de outros países.
Falamos com o Ministro Eduardo Braga sobre a análise das empresas que foram punidas pela Petrobrás, se essa punição seria flexibilizada de alguma maneira, e ele disse que não. Além disso, fez aqui em Houston uma apresentação para atrair empresas internacionais. Isso pode ser uma oportunidade para vocês? Como vê esse momento?
Com certeza deve haver oportunidades. Nesse momento estamos esperando ainda qual vai ser o plano de investimentos da Petrobrás para os próximos anos. É uma pergunta que todos em Houston têm feito, para saber qual vai ser o mercado. Acreditamos que pode ser uma oportunidade grande, mas ainda queremos ver como o mercado vai ser organizado pela Petrobrás. Porque grandes pacotes, por exemplo, não são do nosso interesse. Esses de bilhões não.
Para epecistas?
Podem ser para epecistas, mas com pacotes menores. Nosso interesse é mais em energia e automação. Se houver um pacote de energia, incluindo automação, será muito interessante para nós. Mas se for um pacote global de uma refinaria, por exemplo, não nos interessa. E acho que não é uma boa maneira de organizar o mercado. Mas com certeza vai haver muitas oportunidades.
Fonte: PETRONOTÍCIAS
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